sábado, 6 de março de 2010

Casa: uma máquina de morar

Em “Por uma arquitetura”, Le Corbusier pretende definir a casa como uma máquina de morar. A partir de tal colocação, mostra-nos que necessidades sócio-culturais e de superação histórica, aliado ao efervescente desenvolvimento tecnológico que permite a inovação no emprego dos materiais e das técnicas construtivas, chega à conclusão que se pode construir casas em série. Ele concebe a construção como uma combinação de escultura e engenharia.
Através do denominado termo “criação do espírito”, evidencia que só há arquitetura quando a construção atinge o belo. Isto é alcançado quando há embasamento de criação matemática, quando a proporção média, as leis da física, o sentido de eixo, a presença dos traçados reguladores estão presentes na obra, que proporcionam uma harmonia única, capaz de trazer à tona “a emoção superior”. O Parthenon é o exemplo perfeito disso.
O florescimento das técnicas construtivas e o desenvolvimento de materiais alteram incisivamente nas metodologias construtivas e nos princípios projetuais. Através disso, propõe uma revisão de valores, a fim de que sejam deixados para trás velhos hábitos construtivos em prol de novos. Com a implementação de novos materiais como cimento, cal, ferros perfilados, cerâmicas, materiais isolantes, canos, utensílios metálicos, etc. deseja que um novo espírito surja para que se possa construir casas em série com a utilização de tais materiais. O emprego desses novos materiais é capaz de oferecer diversos benefícios; de um lado, tem-se o racionalismo, provocado pela manifestação matemática, que implica num melhor aproveitamento, e, consequentemente, uma menor perda dos materiais, através do diversos cálculos que proporcionam no emprego total e exato da matéria. A substituição dos materiais e das técnicas implica, ainda, na considerável diminuição do tempo de construção, permitindo-se construir mais casas em menos tempo; casas que eram construídas em dois anos, a partir de tais técnicas poderiam ser construídas em alguns meses. Isto, de fato, decorre na difusão da corrente do taylorismo, que acende a chama da indústria e reforça o espírito de se fabricar casas.
A implementação das novas técnicas e materiais contribui diretamente para que os “estilos” sejam abandonados. Assim, Le Corbusier afirma que houve revolução, uma vez que consciente ou inconscientemente houve uma alteração nas necessidades das pessoas. A organização social nada tem de imediato que possa responder a isso, assim, uma unidade de habitação baseada nos princípios do lazer, transporte, moradia e trabalho, seria uma forma de a arquitetura poder evitar a revolução.

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