quinta-feira, 18 de março de 2010

14 de abril de 2008

"Pela primeira vez senti-me absolutamente perdido numa aula de formação do leitor. Sem a presença da professora titular, não consegui desenvolver meu raciocínio, que já não é muito bom mesmo na presença dela. Não pelo fato de considerar a professora substituta inferior, de jeito nenhum. É uma profissional e tanto, mas acho que, mais uma vez, deixei-me levar pelo preconceito que tenho sobre alguns autores, que sem sombra de dúvidas, são célebres e merecedores de todo o reconhecimento. Desta vez foi a Clarice Lispector. Ai, meu Deus, isto me persegue. Ou sou eu que estou no lugar errado? Não discutamos. O fato é que ainda sim deu pra captar alguma coisa. Espero que eu consiga transmitir isto...
Vimos que a Literatura é um termo fluido que escapa às definições simplificadas. Literatura é o que fica? O que permanece na história? Não sei! Se uma doutora em Letras não pode responder isto, achas que eu conseguirei? Não! Mas como sou chato e insistente, vou tentar. Como classificar, então, as crônicas escritas no calor da hora e que muitas vezes desaparecem do dia para a noite e jamais encontram o caminho dos livros? Para definir o literário vale o conceito dos formalistas russos, tão cultivado até mesmo dentro do nosso grupo por alguns alunos que preferem a forma ao conteúdo?
Acho abominante o fato de algumas pessoas dizerem que as obras literárias são intocáveis. Foi uma das discussões. Literatura é igual a apropriação? Claro que sim! Cada um tem uma leitura própria de um texto ou um acontecimento e, ao contar para outras pessoas, muda-se a perspectiva original. Mas é preciso saber ligar os fatos entre as diversas leituras e saber desligar também, pois, afinal, trata-se de uma releitura. Assim, vejo a leitura como fuga; para acreditarmos nela, temos que nos desligar da realidade e viver o ficcional."

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